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Skincare coreano: o segredo da pele perfeita ou um risco para alguns tipos de pele?

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Nos últimos anos, o mundo se rendeu ao fascínio da pele coreana: lisinha, uniforme, com viço natural e aparência quase translúcida. O famoso “glass skin”, ou “pele de vidro”, virou obsessão global, levando milhões de pessoas a mergulharem no universo do skincare coreano, uma rotina de cuidados que pode envolver de 5 a até 12 passos por dia, com produtos ultrassofisticados, fórmulas inovadoras e ativos inusitados.

Mas em meio ao encanto, uma pergunta tem ganhado espaço entre especialistas:

Será que o skincare coreano funciona para todos os tipos de pele? Ou ele pode ser um exagero e até perigoso para certas pessoas?

A dermatologista Dra. Renata Castilho explica o que há por trás dessa tendência mundial e esclarece quem pode (e quem não deve) aderir a essa rotina de beleza que virou febre nas redes sociais.

Muito além da estética: o skincare como parte da cultura coreana

Na Coreia do Sul, cuidar da pele não é apenas vaidade, é um pilar da educação e do autocuidado desde a adolescência. Meninas e meninos aprendem cedo a importância de proteger a pele do sol, manter a hidratação e tratar imperfeições com constância. O resultado dessa disciplina são produtos extremamente elaborados, com ingredientes como:

  • Centella asiática
  • Niacinamida
  • Extratos fermentados
  • Ácido hialurônico de baixa molécula
  • Probióticos e ativos botânicos raros

O marketing visual impecável, o sensorial agradável e o design minimalista também conquistaram o Ocidente, mas o que funciona bem para as coreanas pode não trazer os mesmos benefícios, ou mesmo ser contraproducente, para outros tipos de pele, alerta a dermatologista.

O que o skincare coreano tem de diferente?

  • Foco na hidratação profunda e em camadas leves de produtos
  • Valorização do “glow” natural, não da pele matificada
  • Preferência por texturas aquosas, géis e loções ultraleves
  • Etapas múltiplas: óleo de limpeza, gel de limpeza, esfoliação, tônico, essência, sérum, máscara, hidratante e protetor solar
  • Ingredientes botânicos, fermentados e calmantes

Esse ritual foi pensado para peles asiáticas, que tendem a ser mais sensíveis à inflamação, com maior risco de manchas e hiperpigmentação pós-lesão, exigindo cuidados delicados e preventivos. Mas isso não significa que seja o ideal para todos.

Quem pode se beneficiar da rotina coreana?

Segundo a Dra. Renata Castilho, peles normais a secas, com tendência à sensibilidade ou que estejam desidratadas, podem sim se beneficiar do skincare coreano, especialmente se adaptado à realidade climática e ao estilo de vida ocidental.

“Se a pele é fina, opaca, sensível ou reativa, produtos coreanos com fórmulas suaves, livres de fragrâncias agressivas e com ativos calmantes podem ajudar a recuperar o equilíbrio e o viço. O problema é quando as pessoas tentam copiar um ritual inteiro, de forma rígida, sem entender o que a própria pele precisa”, ressalta.

Quem deve ter cuidado com os produtos coreanos?

  • Peles muito oleosas ou acneicas: Muitas fórmulas coreanas focam em hidratação, e o excesso de camadas pode aumentar a oleosidade e obstruir poros, piorando quadros de acne.
  • Peles com rosácea ou dermatite: Alguns ingredientes fermentados, mesmo naturais, podem desencadear reações inflamatórias ou alérgicas em peles sensibilizadas.
  • Peles bronzeadas ou expostas ao sol: Certos ativos despigmentantes ou clareadores utilizados no K-beauty não combinam com exposição solar intensa, podendo causar manchas se mal utilizados.
  • Peles que já usam ácidos, retinóides ou fazem procedimentos dermatológicos: Misturar esses tratamentos com produtos de origem asiática, sem acompanhamento médico, pode irritar a pele ou causar descamação.

“Skincare não é receita de bolo. O que deixa uma pele radiante em Seul pode não funcionar, ou até prejudicar, uma pele que vive sob o sol forte do Brasil, com clima úmido, poluição e uma rotina acelerada”, afirma a dermatologista Renata Castilho.

O que considerar antes de adotar o K-beauty na sua rotina

Menos pode ser mais — Não é obrigatório usar 10 passos. Entenda o que cada produto oferece e personalize.

Conheça os ingredientes — Leia os rótulos. Alguns produtos têm compostos desconhecidos no Brasil e podem causar reações inesperadas.

Observe a reação da sua pele — Brilho excessivo, acne, vermelhidão ou ardência são sinais de que algo está errado.

Clima importa — Produtos densos ou muito oclusivos funcionam bem no inverno coreano, mas podem ser pesados no verão brasileiro.

Adapte com consciência — Tônicos, essências e séruns leves são ótimos pontos de entrada.

Não substitua orientação médica por tendências da internet — Skincare é tratamento. E todo tratamento exige diagnóstico.

O skincare coreano é uma revolução em sensorialidade, leveza e inovação. Mas não é uma fórmula mágica. Muito menos um caminho universal. O verdadeiro segredo da pele perfeita não está em seguir modismos cegamente, mas em entender profundamente o que a sua pele precisa e respeitar seus limites.

“Trazer produtos coreanos para a rotina pode ser enriquecedor, sim, mas com consciência. Quando há excesso, sobreposição ou uso indevido, o que era autocuidado vira frustração. O ideal é sempre adaptar, e se possível, com a orientação de um dermatologista”, finaliza a Dra. Renata Castilho.

Dra. Renata Castilho: 

CRM/SP – 197372

Dermatologista e Tricologista

Graduação em Medicina pela Universidade São Francisco (USF).

Especialização em Dermatologia pela Faculdade Instituto Superior de Medicina e Dermatologia (ISMD -São Paulo).

Mestre em estudos do Envelhecimento pela Pontifícia Universidade (PUC/SP).

 

Palavra da Dra:

“Procuro com meu trabalho postergar o envelhecimento e manter a pele bonita e saudável, mas gosto de beleza natural e sem excessos, cada rosto é único, e as características individuais devem ser sempre valorizadas”.

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