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Oito nutrientes fundamentais para a gestação e que devem ser acompanhados durante o pré-natal

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Dra. Bruna Pitaluga - médica especializada em Ginecologia e Obstetrícia (Foto Tereza Sá)

Segundo a médica obstetra com mais de 20 anos de experiência profissional, Dra. Bruna Pitaluga, são eles: as vitaminas D, A e do complexo B e os minerais magnésio, ferro, iodo, zinco e selênio

Uma gestação sem sustos, tanto para a gestante quanto para o feto, passa invariavelmente pela ingestão adequada de energia e nutrientes. Esta deve começar antes mesmo da concepção, continuando ao longo da gravidez, para atender às necessidades maternas, enquanto estabelece os estoques necessários ao desenvolvimento fetal e para a lactação.

Neste contexto, a médica obstetra, com mais de 20 anos de experiência profissional, Dra. Bruna Pitaluga, destaca a importância do pré-natal. “É neste período que é feita a reserva nutricional fundamental para garantir que o feto, ao sair do ambiente intrauterino nutrido pela placenta, tenha condições de sobrevivência no ambiente externo através do aporte de nutrientes oriundos da lactação”, diz.

Conforme Dra. Brunao cuidado com a nutrição da gestante e do feto durante o pré-natal deve ser contínuo e corretamente avaliado, levando em consideração as demandas de micronutrientes no decorrer dos três trimestres de gestação, que estão interligados entre si. A médica obstetra destaca oito nutrientes básicos para uma boa gestação e o pleno desenvolvimento do feto. São eles: vitamina D, vitamina A, vitaminas do Complexo B (especialmente B 9, B 12 e B 6), magnésio, ferro, iodo, zinco e selênio.

A vitamina D é um hormônio esteroide que interfere na replicação celular e no controle do sistema imunológico. De acordo com Dra. Bruna, ela é importante para gestação porque sua transcrição gênica leva à produção de uma série de proteínas fundamentais para a implantação do embrião, formação da placenta, desenvolvimento do feto e parto.

Por sua vez, a vitamina A, em baixa quantidade no organismo humano, acarreta diversos malefícios à saúde. Sua deficiência ocasiona modificações epiteliais, que podem prejudicar a visão, causando até cegueira total de forma permanente, e afetar diretamente outros sistemas de corpo humano, como o respiratório, gerando alterações do epitélio broncorrespiratório, tornando esse tecido mais suscetível a infecções. “A deficiência de vitamina A no organismo também impacta diretamente nos níveis de ferro, podendo comprometer a síntese de heme e resultar em anemia”, afirma a médica obstetra.

Já as vitaminas do complexo B, especialmente B9B12 e B6 são importantes para gestação por causa de seus papéis no ciclo de um carbono, que é essencial para a função celular. “O ciclo de um carbono consiste na interligação de vias bioquímicas que incluem o metabolismo do folato e da metionina, vias metabólicas que geram grupos metil para vários processos essenciais, incluindo síntese de DNA, geração de antioxidantes e homeostase de aminoácidos”, explica Dra. Bruna.

Em relação aos minerais o magnésio é um dos mais importantes. Segundo a médica obstetra, este metal está envolvido em muitas funções biológicas e celulares, incluindo síntese de proteínas e metabolismo de nucleotídeos, que são fundamentais para a manutenção da resposta imunológica das células. Reservas adequadas de magnésio são fundamentais durante o trabalho de parto porque facilitam a contração uterina. “Por isso, não existe qualquer indicação para suspensão de magnésio com 36 semanas de gestação”, diz.

ferro é um dos principais nutrientes que se deve prestar atenção durante o pré-natal, já que sua deficiência está associada a transtornos do neurodesenvolvimento do feto, que perduram ao longo de toda vida, mesmo que o mineral seja reposto após o nascimento. Conforme Dra. Bruna, a deficiência de ferro ocorre comumente durante três fases do início da vida (quando o cérebro está se desenvolvendo): vida fetal, infância e início da adolescência (principalmente nas mulheres). “Percebe-se que as concentrações cerebrais de ferro estão em risco quando os estoques hepáticos da substância estão suficientemente comprometidos, uma vez que o ferro é preferencialmente desviado para os glóbulos vermelhos para a síntese de hemoglobina em vez da entrega ao cérebro”, explica.

O iodo é outro mineral que tem papel relevante no neurodesenvolvimento do feto. “Ele é responsável por trazer informações celulares, tanto metabólicas quanto nutricionais, que causam o desenvolvimento cerebral, de acordo com estudos antropológicos importantes sobre o iodo e DHA, um dos componentes do ômega 3”, diz a médica obstetra. Dra. Bruna alerta, contudo, que a suplementação obrigatória de iodo, para a mulher brasileira, resulta em uma grande proximidade com o limite da quantidade adequada. “Portanto, para a suplementação deste nutriente, é altamente recomendado que suas taxas sejam avaliadas através do exame de iodo urinário de 24 horas”, diz.

Segundo a médica obstetra, as mulheres têm uma necessidade muito grande de zinco durante a gestação, porque este mineral faz parte uma série de enzimas antioxidantes, principalmente a superóxido dismutase, que é fundamental no momento da implantação do embrião. “Além da embriogênese, o zinco é fundamental no crescimento e desenvolvimento fetal e na função da glândula mamária para síntese e secreção do leite materno”, explica. Conforme Dra. Bruna, casos de deficiência de zinco são comuns devido à dificuldade de implementá-lo na dieta. O mineral é achado em grande quantidade em crustáceos.

Por fim, o selênio participa de uma enzima de suma importância para o organismo, chamada glutationa peroxidase, que produz um dos antioxidantes mais poderosos do corpo humano, a glutationa. “O selênio tem outras funções celulares fundamentais como aquelas relacionadas às mitocôndrias, que utilizam o mineral para manter sua homeostase (funcionamento normal)”, afirma. Além disso, de acordo com a médica obstetra, o selênio é importante para o sistema imunológico, manutenção de defesas naturais, modulação de crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças cardíacas e câncer.

Estudos já demonstraram que a concentração insuficiente de selênio está associada a um risco 46% maior de subfertilidade e que tanto este mineral quanto o zinco estão relacionados ao prolongamento da concepção em aproximadamente um mês quando se apresentam em pouca quantidade no plasma materno.

Sobre Dra. Bruna Pitaluga

Formação em Medicina pela Universidade de Brasília – UnB

Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Brasília – UnB

Pós-graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN

Especialização em Medicina Funcional pelo Instituto de Medicina Funcional – IFM, EUA

Curso em Nutrigenômica pela Universidade da Carolina do Norte – UNC, EUA

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