Acidentes com motociclistas seguem em alta e preocupam autoridades de saúde no DF
Brasília, 30 de maio de 2025 – Durante a campanha Maio Amarelo, voltada à promoção da segurança no trânsito, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) divulgou dados preocupantes sobre os atendimentos realizados pelo Hospital de Base (HBDF). Em 2024, a unidade registrou 4.455 casos de vítimas de acidentes de trânsito, sendo 2.093 deles envolvendo motociclistas, o que representa cerca de 47% do total. Também foram contabilizados 1.139 acidentes com automóveis, 609 atropelamentos e 614 ocorrências diversas, como quedas de bicicleta e colisões.
A situação persiste em 2025. Até o dia 27 de maio, 1.298 atendimentos já haviam sido realizados, com 675 relacionados a motociclistas. Acidentes com carros somaram 324 registros, atropelamentos foram 171, enquanto 111 quedas de bicicleta e 17 acidentes com patinetes elétricos também entraram nas estatísticas. Esses veículos passaram a ser oficialmente considerados parte do trânsito do DF neste ano.
De acordo com o cirurgião Renato Lins, chefe do Centro de Trauma do HBDF, os motociclistas seguem como o grupo mais suscetível a ferimentos graves. “Mesmo com os equipamentos de segurança, o impacto de qualquer colisão costuma ser severo”, afirma. O médico alerta que a maioria dos acidentes poderia ser evitada com comportamentos mais responsáveis. “Alta velocidade, distração ao volante e o consumo de bebidas alcoólicas são fatores recorrentes. O trauma vai além do indivíduo ferido, impacta famílias inteiras e sobrecarrega o sistema público de saúde”, destaca.
Drama e superação
Um dos casos marcantes é o da dona de casa Adriana Matias dos Santos, que em 2023 sofreu um grave acidente enquanto estava na garupa da moto do marido, atingida por um carro na W3 Sul. Adriana teve o pé preso na roda da moto e foi arremessada ao meio-fio. Com fratura exposta e perna dilacerada, só retomou a consciência ao chegar ao Centro de Trauma, levada pelo Samu.
A cirurgia de emergência foi essencial para que não houvesse amputação. Diabética, ela enfrentou complicações no processo de cicatrização, o que atrasou a colocação de uma placa metálica em cinco meses. Adriana também foi submetida a uma terceira cirurgia no Hospital Sarah Brasília para enxerto de pele e reconstrução dos nervos. Atualmente, continua em reabilitação no HBDF e celebra a evolução: “Saí da cadeira de rodas, passei para o andador e agora estou nas muletas. Em breve estarei andando sozinha”, afirma. Hoje, ela garante: “Nunca mais ando de moto. É perigoso demais.”
Centro de Trauma é referência
Fundado oficialmente em 2011, o Centro de Trauma do HBDF é reconhecido como uma das unidades mais preparadas do país para o atendimento de politraumatizados. Com protocolos organizados e plantões permanentes desde 2018, o serviço conseguiu acelerar diagnósticos e intervenções.
Em 2020, a criação do Time de Trauma, com equipes interdisciplinares formadas por meio de parcerias com a Diretoria de Inovação, Ensino e Pesquisa (Diep), otimizou ainda mais o atendimento, garantindo integração desde a chegada do paciente até sua internação. A estrutura ágil e especializada reduziu tempos críticos de estabilização e cirurgias, o que tem sido decisivo para salvar vidas.
O HBDF reafirma, durante o Maio Amarelo, seu compromisso com a excelência e a prevenção. Os números reforçam o apelo por um trânsito mais seguro e consciente.