Alimentação nas escolas públicas promove saúde, aprendizado e valorização da agricultura familiar
Brasília, 25 de maio de 2025 – Logo no início da manhã, o movimento na Escola Classe 708 Norte já antecipa um dos momentos mais aguardados pelos alunos: a hora da merenda. Enquanto o cheiro dos temperos se espalha pelos corredores, as crianças se aproximam da cozinha com curiosidade e fome. “O lanche de hoje vai ser o quê?”, perguntam com frequência.
A cozinheira Júlia Pereira de Oliveira, que atua na preparação dos alimentos na escola, destaca a dedicação com que realiza seu trabalho. A cada seis meses, ela e os colegas passam por treinamentos sobre todas as etapas do preparo – da higienização dos alimentos até o momento de servir os pratos. Segundo Júlia, o ingrediente principal é o carinho: “Cozinho com amor, como se fosse para meus netos. Quando a panela volta vazia, sei que fiz o certo”.
A unidade de ensino, localizada na Asa Norte, atende 355 estudantes, como o pequeno Cauã Santos da Cruz, de 8 anos, que tem predileção por arroz com peixe. Para ele, “as tias fazem um lanche muito gostoso com as habilidades delas”. Já Lucauã Fernandes Campos, de 10 anos, elogia o macarrão com carne: “As tias da cantina dão a vida para cozinhar para a gente. Tudo é saboroso e saudável”. A colega Evellem Cristina, de 11, conta que os novos hábitos alimentares começaram na escola e se estenderam para casa: “Antes eu comia muito doce. Aqui aprendi a comer saudável e levei isso para minha rotina”.
O Governo do Distrito Federal (GDF) tem investido fortemente na alimentação escolar. Em 2025, está previsto o uso de cerca de R$ 222 milhões para aquisição de alimentos, dos quais R$ 53,4 milhões já foram pagos. Desse montante, R$ 12,3 milhões foram direcionados à compra de produtos da agricultura familiar. Até agora, as escolas da rede pública já receberam 2.164 toneladas de alimentos não perecíveis e 6.399 toneladas de perecíveis – 2.481 delas oriundas diretamente do campo.
Camila Beiró, diretora de Alimentação Escolar da Secretaria de Educação do DF, destaca que a maioria dos alimentos utilizados são in natura ou minimamente processados. “Temos um cardápio diverso, com várias proteínas e alimentos frescos. Além disso, garantimos duas refeições por dia mesmo em áreas rurais, fortalecendo a segurança alimentar dos estudantes”, afirma.
A alimentação escolar também gera impacto positivo na economia local. Ao todo, 825 famílias de agricultores são beneficiadas com o Programa de Aquisições (PAA), que compra alimentos da agricultura familiar para atender estudantes em situação de vulnerabilidade. O GDF também tem investido na logística, com mais de R$ 450 mil pagos em transporte e R$ 395,5 mil em armazenagem de alimentos.
A diretora da Escola Classe 708 Norte, Viviane Costa Moreira, ressalta o papel social da merenda. “Muitos alunos fazem aqui a principal refeição do dia. Muitos vêm de longe, já que os pais trabalham no Plano Piloto. A qualidade da alimentação escolar é essencial para o bem-estar e o aprendizado”, pontua. Ela também destaca que há refeições adaptadas para alunos com restrições alimentares e que o trabalho de conscientização alimentar tem gerado mudanças de comportamento, especialmente entre os mais novos.
Com cerca de 400 mil estudantes na rede pública, o DF serve, em média, 546 mil refeições diariamente. Por trás de cada prato servido está o esforço conjunto de nutricionistas, merendeiras e gestores escolares. Mais do que nutrição, a merenda escolar do DF é um elo de afeto, educação e desenvolvimento sustentável.