Experiências compartilhadas e estratégias para uma vida mais saudável
Da Redação
Brasília, 2 de março de 2024 – “Mudou a minha vida.” Com essa frase emocionada, a aposentada Abadia de Melo, de 74 anos, descreve a experiência que vive há dois anos como integrante do grupo de atendimento especial para pacientes com alterações glicêmicas na Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 da Asa Norte. “Graças ao que aprendi aqui, eu levo uma vida mais saudável. Mudei minha saúde só com a mudança do meu estilo de vida”, acrescenta.
A diabetes, principal causa de alterações glicêmicas, representa um dos maiores desafios da saúde pública brasileira. O Brasil é o quinto país no mundo em incidência da doença, com cerca de 17 milhões de pessoas na faixa etária entre 20 e 79 anos enfrentando as consequências da síndrome – ficando atrás apenas de China, Índia, EUA e Paquistão. Estima-se que até 2030, aproximadamente 21,5 milhões de brasileiros terão algum nível da doença, de acordo com o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
Na UBS, Abadia e outros pacientes, sejam diabéticos ou não, participam de encontros quinzenais que vão além do tradicional atendimento individual com medições periódicas dos índices glicêmicos. “É muito mais do que o simples controle das taxas, é convivência. A coisa toda funciona como um grande grupo de terapia, em que os pacientes se conhecem e se ajudam”, avalia o servidor público Geraldo Gobitsch, 73 anos, outro participante ativo dos encontros.
Geraldo descobriu a rede de apoio após uma consulta na unidade de saúde. “Há um ano, eu tive uma úlcera perfurada e precisei ser operado. Essa condição provocou o descontrole de todos os meus indicadores, como a glicose e a pressão arterial. Quando busquei atendimento aqui na UBS, me indicaram esse grupo”, relata.
Sob a liderança da nutricionista Fernanda Farias, os encontros ocorrem quinzenalmente e oferecem orientações especializadas sobre alimentação, compartilhamento de experiências e estratégias para melhor gerenciar as alterações na glicemia. “Trabalhamos em conjunto. É uma forma de resgatar aquela pessoa que não está conseguindo se tratar sozinha. A ideia é que não só os profissionais falem, mas os pacientes também; é compartilhar o saber e empoderá-los”, explica a profissional de saúde.
Os encontros não se limitam à UBS 2 da Asa Norte, mas são realizados em toda a rede pública de saúde. “Esse trabalho de grupo de atividade coletiva existe desde o surgimento da atenção primária e nosso objetivo é atuar como um braço de apoio ao trabalho das equipes de médicos e enfermeiros que compõem cada unidade”, detalha Fernanda.
Além do acompanhamento nutricional, os usuários de todas as UBSs têm acesso a atendimentos com psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos e assistentes sociais.