Investigações apontam para ações criminosas e bombeiros retornam de outras regiões para reforçar o combate às chamas
Brasília, 16 de setembro de 2024 – A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) está coordenando uma força-tarefa para investigar o incêndio que atinge o Parque Nacional de Brasília. As apurações preliminares indicam a existência de atos criminosos, com suspeitos já sendo monitorados. A decisão de intensificar a investigação foi tomada em reunião no Palácio do Buriti, com a presença do governador Ibaneis Rocha, da vice-governadora Celina Leão e de representantes de órgãos envolvidos no combate ao fogo, como o Corpo de Bombeiros, o Brasília Ambiental e a Secretaria do Meio Ambiente (Sema).

Durante o encontro, foi determinado o retorno imediato dos bombeiros do DF que estavam deslocados para outros estados, reforçando assim o contingente de 1,5 mil pessoas envolvidas no combate às queimadas. As autoridades destacaram a importância da colaboração da população, que pode denunciar incêndios criminosos através dos números 190, 197 (denúncias anônimas) ou 193 para emergências com o Corpo de Bombeiros.
A vice-governadora Celina Leão ressaltou que o GDF será rigoroso na punição aos responsáveis. “As queimadas estão sendo provocadas por ações humanas, e quem for identificado responderá por crime ambiental”, afirmou. O coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio, João Paulo Morita, também reforçou a hipótese de que o incêndio tenha sido intencional, considerando a ausência de raios, que são a principal causa natural de incêndios.
Combate ao fogo no Parque Nacional
Uma operação conjunta entre o Corpo de Bombeiros do DF, o Brasília Ambiental, o ICMBio e o Prevfogo do Ibama está atuando no combate às chamas no Parque Nacional de Brasília. Até o momento, o incêndio já consumiu 700 hectares da área. As equipes, compostas por 93 combatentes, utilizam métodos terrestres e aéreos para impedir a propagação das chamas, com o apoio de helicópteros e aviões especializados.

O fogo começou no domingo (15), por volta das 11h30, na região do Córrego do Bananal e da unidade de captação de água da Caesb, e se alastrou rapidamente devido ao clima quente e seco. Desde então, as equipes divididas em três frentes atuam para controlar o incêndio, com o Corpo de Bombeiros à frente da operação. O coronel Marcos Rangel informou que 50 militares estão no campo e que novas estratégias estão sendo elaboradas conforme a evolução do incêndio.
Consequências e medidas de proteção
A fumaça causada pelos incêndios já afeta diversas regiões do Distrito Federal. Entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira, a qualidade do ar foi severamente prejudicada, levando a Secretaria de Educação a suspender aulas em várias escolas. Unidades como o Centro de Ensino Fundamental (CEF) 306 Norte e o Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean) estão entre as que interromperam as atividades para garantir a segurança de alunos e servidores. A Secretaria de Agricultura também liberou seus servidores para trabalhar remotamente devido à fumaça que afeta a Asa Norte, onde está localizada a sede da pasta.
Sem previsão de chuvas nos próximos dias, a seca e o calor extremo, com temperaturas de até 34ºC e umidade relativa do ar de 15%, continuarão a favorecer a ocorrência de incêndios, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O DF já enfrenta 146 dias consecutivos de estiagem.
Ações preventivas e mobilização
Em abril deste ano, o governador Ibaneis Rocha decretou estado de emergência ambiental para o período de junho a novembro, permitindo maior preparo dos órgãos responsáveis pelo combate aos incêndios. A Operação Verde Vivo, coordenada pelo Corpo de Bombeiros desde 1999, intensificou os trabalhos de prevenção e combate aos incêndios florestais com o apoio de 500 bombeiros e brigadistas. Além disso, o GDF investe em novas tecnologias para monitorar a qualidade do ar e agilizar as respostas a esses eventos.
A participação da população é fundamental para evitar novas queimadas e acionar as autoridades ao identificar qualquer foco de incêndio. A Central de Denúncias de Incêndios Florestais, disponível pelo número 9224-7202, também está ativa para receber relatos via ligação ou WhatsApp.